terça-feira, 13 de abril de 2010

CONAE 2010 - É PRECISO TER UM SONHO SEMPRE


"A Utopia está lá no horizonte.
Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos.
Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos.
Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei.
Para que serve a Utopia?
“Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar”.
Eduardo Galeano

Desde o mês de novembro de 2008, educadores e educadoras, pais e mães, dirigentes, sociedade civil organizada, conselheiros de educação, universidades e movimentos de afirmação da diversidade, entre tantos outros, a sigla CONAE- CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO- e tudo que dela deriva, passou a fazer parte do cotidiano da vida de muitos.

Ao final da tarde de quinta feira, 01 de abril de 2010, quando se encerrou a plenária final desta primeira conferencia da educação do Brasil, mesmo exausta fisicamente, comemorei gratificada o muito que presenciei e aprendi por aqui.

Lições, principalmente, de vida, de superação, de muito respeito ao que representa cada participante, se fazendo voz da população, que ratifica seu desejo, sua luta por uma escola de qualidade, porque nenhum brasileiro ou brasileira merece menos.

Conferência é espaço de embates, de conflitos, mas também de construir consensos. É espaço plural de muitos verbos: aprender, debater, conferir, confrontar, intervir, propor, incluir, são alguns dos quais nos utilizamos para defender idéias, fazer projeções, sonhar de olhos abertos com um futuro para a educação brasileira, nesse mosaico de diversidades.

Os participantes desta conferência viveram momentos peculiares. Desde a abertura com protesto dos trabalhadores da UNB juntamente com os servidores do MEC, até os debates acalorados nas plenárias, os colóquios, as intervenções, vezes emocionantes, vezes sem sentido algum, os discursos, a programação cultural impecável, a movimentação em torno dos stands das instituições, as filas imensas para qualquer atividade que se fizesse, a visita e a fala tão esperada do presidente Lula, afinal um evento com cerca de três mil e quinhentos participantes é, por si só, um espetáculo à parte.

Para se estabelecer diálogos, construir consensos, trabalha-se muito nos bastidores. São comuns as reuniões de começo e fim do dia para avaliações de percurso, para reafirmar posições. É também oportunidade de reencontro de amigos, militantes de tantas e tantas outras lutas.

É tempo também de muita reflexão. No trajeto entre um colóquio e outro cruzei com MARLOS, delegado representante dos estudantes da Educação Básica de Alagoas. Rapidamente comentou comigo sobre as discussões da Escola de tempo integral que acabara de participar, dos materiais que estava selecionando para sua escola e arrematou: “- É verdade que não podemos mudar o mundo mas podemos começar por nós, nossa escola, nossa cidade”.

Esse é também o meu sentimento e de muitos por esse mundo afora. Sentimento que se renova ao aprovar cada proposta, ao ver e ouvir delegados representantes dos estudantes com síndrome de Down e paralisia cerebral fazer uso da tribuna, ver e ouvir Ântonio Nóbrega cantando e dançando ciranda com a platéia do seu show, ao ver e ouvir cada cortejo, cada grupo que se apresentou nos intervalos, na hora do almoço e do jantar.Ver e ouvir Ariano Suassuna esbanjando juventude e muita disposição para contribuir com este país na educação, na cultura, na elevação da autoestima de cada brasileiro e brasileira.

E não para por aí. Cada um e cada uma dos observadores/as, convidados/as, palestrantes e cerca de dois mil e quinhentos delegados/as que lá estiveram levam consigo a responsabilidade com as propostas aprovadas, pois o novo PNE-PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, terá como base este diálogo realizado em todo país nas mil e quinhentas conferencias municipais e intermunicipais, nas 27 conferencias estaduais que antecederam esta CONAE.

Nosso horizonte é um PLANO DECENAL (2011/2021) que represente todas as vozes.

E sim. É preciso ter sonho sempre.Enquanto houver nesse país meninos e meninas, homens e mulheres sem acesso a uma escola de qualidade, que não puderem usufruir de suas riquezas culturais, há muito que trabalhar, muito porque lutar e sonhar e, ainda bem, minha esperança e de muitos, é mesmo imortal.
No ÁLBUM, um pouco do que meus curiosos olhos - e de alguns amigos e amigas - puderam captar.Nada que me façam ganhar prêmio em fotografia mas registra um pouco o que vivenciamos, com especial destaque, a delegação de Alagoas e da UNCME.

Quero agradecer a cada um e a cada uma que contribuiu para que tudo isso pudesse acontecer.



Da Série Partilhando saberes, labores, prazeres...





EDNA LOPES
Publicado no Recanto das Letras em 06/04/2010
Código do texto: T2180164